
Apesar de o texto ter sido escrito muito tempo depois do evento que está sendo narrado, seu autor, muito provavelmente Moisés, oferece ao leitor as coordenadas geográficas dos seus dias. Se por um lado qualquer aluno de 7ª série é capaz de identificar no mapa a localização dos rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia, por outro, eruditos bíblicos têm gastado anos de pesquisa em busca da localização dos rios Pisom e Giom.
A respeito do primeiro rio, a passagem bíblica afirma que ele rodeava a terra de Havilá, onde havia muito ouro. De acordo com Nahum Sarna, respeitado erudito do Antigo Testamento, existem duas possíveis localidades para identificarmos como Havilá: Arábia e Núbia, já que o nome desse país em egípcio antigo (neb) significa ouro. Porém, diversos outros textos bíblicos que mencionam Havilá (Gn 10:7, 29; 25:18; 1Sm 15:7; 1Cr 1:9, 23) sugerem que a localidade ficava na região da Arábia. De acordo com Gordon J. Wenham, autor do comentário de Gênesis da série Word Biblical Commentary, "certamente Arábia era uma fonte de ouro na antiguidade".
Quanto ao rio Giom, as Escrituras afirmam que ele rodeava a terra de Cuxe. Ora, algumas passagens bíblicas (Is 20:3, 5; Jr 46:9[1]) sugerem que esse é o antigo nome da Etiópia.
Juntando as informações que obtivemos do texto bíblico, podemos supor que o jardim do Éden compreendia uma região desde o rio Tigre na Mesopotâmia indo até a Etiópia, próximo do Egito. É interessante notarmos que quando fez aliança com Abrão, em Gênesis 15, o Senhor prometeu dar a ele e a descendência dele a terra que abrangia desde "o rio do Egito até ao grande rio Eufrates" (v. 18). Seria mera coincidência o fato de Deus oferecer aos descendentes de Abraão a mesma região que anteriormente poderia ter sido o local do jardim do Éden? Creio que não.
Há uma interessante lição para cada um de nós a respeito do Éden. A etimologia da palavra "Éden" tem sido alvo de calorosas discussões entre os especialistas em línguas semíticas. A opinião mais aceita até o momento é aquela que defende que Éden é um cognato das línguas semíticas ocidentais tais como o ugarítico, siríaco e o aramaico, cujo significado é "prazer, deleite, alegria". Foi exatamente isso que Deus ofereceu para o ser humano na criação e é exatamente isso que o ser humano perdeu graças ao pecado. Isso foi uma realidade no passado e, infelizmente, é uma realidade em nossos dias.
(Luiz Gustavo Assis, formado em Teologia pelo Unasp, atualmente exerce a função de capelão do Colégio Adventista de Esteio, RS)