segunda-feira, outubro 30, 2006

Moisés e a escrita alfabética

A História tem calado muitos críticos da Bíblia. A redação do Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia) por Moisés é um bom exemplo. Pouco tempo atrás, afirmava-se que a invenção do alfabeto tinha sido feita pelos séculos XII ou XI a.C. Isso era apresentado como um argumento para “provar” que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco, visto que em seu tempo não haviam ainda inventado a arte de escrever. No entanto, escavações arqueológicas um Ur, na antiga Caldéia, têm comprovado que Abraão era cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas de Ur, os meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geografia. Três alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que são bem anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C.).

Estudiosos modernos sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética para escrever o Pentateuco. O arqueólogo William F. Albright datou essa escrita como sendo do início do século XV a.C. (tempo de Moisés). Interessante é notar que essa escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a incumbência de escrever seus livros (Êxodo 17:14). Veja o que disse Merryl Unger sobre a escrita do Antigo Testamento: “A coisa importante é que Deus tinha uma língua alfabética simples, pronta para registrar a divina revelação, em vez do difícil e incômodo cuneiforme de Babilônia e Assíria, ou o complexo hieróglifo do Egito.”

Deus sempre sabe mesmo o que faz! Pense bem: se o alfabeto tivesse sido realmente inventado pelos fenícios, cuja existência foi bem posterior à de Moisés, e se as escritas anteriores – hieroglífica e cuneiforme – foram apenas decifradas no século passado, como poderia Moisés ter escrito aqueles livros?

Se o tivesse feito, só poderia fazê-lo em hieróglifos, língua na qual a própria Bíblia diz que Moisés era perito (Atos 7:22) e, nesse caso, o Antigo Testamento teria ficado desconhecido até o século passado, quando o francês Champollion decifrou os hieróglifos egípcios. Acontece que, no princípio do século XX, nos anos 1904 e 1905, escavações na península do Sinai levaram à descoberta de uma escrita muito mais simples que a hieroglífica, e era alfabética! Com essa descoberta, a origem do alfabeto se transportava da época dos fenícios para a dos seus antecessores, séculos antes, os cananitas, que viveram no tempo de Moisés e antes dele.

Portanto, foram estes antepassados dos fenícios que simplificaram a escrita. E passaram a usar o alfabeto em lugar dos hieróglifos, isto é, sinais que representam sons ao invés de sinais que representam idéias. Moisés, vivendo 40 anos numa região (Midiã) onde essa escrita era conhecida, viu nela a escrita do futuro, e passou a usá-la por duas grandes razões: (1) a impressão grandiosa que teve de usar uma língua alfabética para seus escritos e que se compunha de apenas 22 sinais bastante simples comparados com os ideográficos que aprendera nas escolas do Egito; (2) Moisés compreendeu que estava escrevendo para o seu próprio povo, cuja origem era semita como a dos habitantes da terra onde estava vivendo, e que não eram versados em hieróglifos por causa de sua condição de escravos.

Graças a tudo isso, a Bíblia pôde exercer grande e positiva influência na história da humanidade. E pode ter influência sobre você também. Já leu sua Bíblia hoje?

Michelson Borges, jornalista, mestrando em Teologia pelo Unasp e autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio.

Arqueologia desvenda mistérios da Bíblia

As descobertas que mais causaram benefícios para os estudantes da Bíblia foram, sem dúvida, as dos rolos do Mar Morto. Esse achado confirmou a crença de que os escritos da Bíblia são exatos, conforme foram copiados através dos séculos, a partir de uma época anterior ao nascimento de Cristo. Outras descobertas nos ensinam a respeito de costumes nos tempos bíblicos. Alguns nomes específicos e doutrinas mencionados na Bíblia, também foram identificados por meio dessas pesquisas.

Os rolos do Mar Morto que estão completos já foram publicados, como os dois com os manuscritos do profeta Isaías e parte de todos os livros do Antigo Testamento, excetuando-se o de Ester. A única porção ainda não publicada é composta de fragmentos de textos, que são difíceis de serem interpretados. Os eruditos estão idosos e muitas pessoas ficam aborrecidas porque o trabalho de interpretação tem sido vagaroso. Porém, esses fragmentos estão sendo transferidos para profissionais mais jovens, e esperamos que nos próximos anos todos eles sejam publicados. Existe a expectativa de que os resultados trarão novidades animadoras.

Os mais antigos manuscritos, os do Antigo Testamento, são do III século a.C. Os do Novo Testamento datam do II século d.C. Não há diferenças teológicas ou históricas entre os antigos textos e a Bíblia atual. Eles se correspondem exatamente.

Descanso do coração

Possivelmente, o início da civilização ocorreu cinco mil anos atrás, quando começou a urbanização, a especialização de certos trabalhos e a invenção da escrita. Nos escritos dos sumérios, povo que viveu há cinco mil anos, a palavra "sábado" se relaciona com o "sábado de descanso". No caso deles, isso se refere a um dia de descanso semanal. Na língua do sumérios, sábado significa "o descanso do coração". A cada sete dias eles tinham um dia do mal, que não chamavam de sábado.

Os eruditos dizem que o sábado foi trazido pelos israelitas do cativeiro na Babilônia, mas há evidências arqueológicas de que os judeus guardavam o sábado na Palestina antes desse cativeiro. Conforme já disse, na Mesopotâmia, em tempos primitivos, a palavra sábado existia e havia certos dias em seqüência de sete, relacionados com o mês e não com semanas. Isso sugere que existiam sábados de uma forma parecida com o sábado hebreu, mas não exatamente iguais.

O número sete era muito popular nos países do Oriente Médio, mas os judeus foram os únicos que o mantiveram como um dia sagrado. Existem também evidências de que os cristãos continuaram observando o sábado até o terceiro e quarto séculos da Era Cristã. Hoje, embora existam diferenças nos calendários referentes aos anos ou meses, não há desentendimento em relação aos dias da semana.

Dilúvio e Babel

Não temos os ossos para submeter a idade dos antediluvianos a qualquer tipo de análise. Acredito que realmente a idade dos patriarcas chegou a ser em torno de mil anos. É evidente que foi uma era de ouro. As pessoas tinham uma vida muito saudável e feliz. Porém, depois do dilúvio, tornou-se mais difícil viver na face da Terra, e a média de duração da vida dos patriarcas caiu para cem anos.

Há exploradores que vão ao Monte Ararate e tiram fotografias de objetos que atiçam a curiosidade. Também existem muitas histórias e rumores sobre a descoberta da Arca de Noé. Acho que nada disso tem procedência séria e não merece credibilidade. Através de métodos de datação, a ciência indica que restos de uma suposta embarcação encontrada no Ararate remontam ao período bizantino, século VI d.C. Uma era nada antiga em relação ao tempo de Noé.

Só existem as bases da fundação da Torre de Babel. Aparentemente, uma parte da torre resistiu até a época de Alexandre Magno. Quando ele chegou ao local, decidiu reconstruir a torre. Os seus homens cavaram e retiraram as ruínas, começando a preparação de um novo edifício. No entanto, Alexandre morreu nesse intervalo. Se agora visitarmos a região de Babilônia, no Iraque, encontraremos o buraco no qual a torre existiu.

Egito e Arca do Concerto

Na minha opinião, o faraó do Êxodo foi Tutmés III, que morreu em 1450 a.C. A data de sua morte confere com a cronologia bíblica. Apesar da existência da múmia de Tutmés III, no Museu do Cairo, comprovou-se que ela não é a múmia desse faraó. Talvez seja de seu pai ou de seu filho. Pode ser uma múmia substituta que colocaram no lugar do seu túmulo, pois o faraó Tutmés morreu no Mar Vermelho. Chega-se a essa conclusão através de exames de raios X nos ossos da múmia.

Os arqueólogos não encontraram as ruínas dos muros de Jericó porque depois da destruição destes por Josué, a cidade ficou ao relento, sujeita às intempéries da natureza por cerca de 500 anos. A camada mais elevada daquela civilização foi totalmente destruída por erosões, por isso não é possível encontrar remanescentes daquela época. Os arqueólogos encontraram apenas ruínas de túmulos.

O único texto antigo tratando sobre a Arca do Concerto se encontra no segundo livro de Macabeus. O primeiro livro de Macabeus é considerado uma boa fonte histórica, mas o segundo é pouco confiável e, infelizmente, é ele que afirma que Jeremias e seus homens enterraram a Arca no Monte Nebo.

Alguns eruditos dizem que eles não tiveram tempo para transpor o Rio Jordão, e acham que a Arca poderia ter sido escondida no monte em que estava o templo de Salomão. Nesse lugar havia várias cavernas. A verdade é que ela desapareceu durante a destruição de Jerusalém e não sabemos onde ficou. Seria um fato maravilhoso se pudéssemos localizá-la.

Lawrence Geraty, doutor em Arqueologia pela Universidade Harvard, é presidente da Universidade Adventista de La Sierra, na Califórnia, Estados Unidos (texto Baseado em entrevista concedida a Paulo Pinheiro, da Casa Publicadora Brasileira).

(Paraná Online)

A história do “Vaso Novo”

Você já ouviu aquela música que diz: “Eu quero ser, Senhor amado, como um vaso nas mãos do oleiro”? É realmente uma linda canção, não é mesmo? Sua letra está baseada num texto de Isaías 64:8, que diz: “Mas agora, ó Senhor, Tu és nosso Pai; nós o barro, e Tu o nosso oleiro; e todos nós obra das Tuas mãos.”

O oleiro era justamente o profissional que fabricava jarros, vasos e outros artefatos de barro. Ele rodava a argila numa espécie de disco de madeira e habilmente ia dando forma à peça com suas mãos hábeis. Se o resultado final não fosse bom, ele amassava de novo o barro e começava tudo de novo até ficar com a forma desejada. Somente então, ele colocava a peça para secar ao sol ou em fornos, para depois ser vendida no mercado.

Nos tempos bíblicos, os vasos de argila eram bastante usados pelas pessoas em geral. Eles eram essenciais para os trabalhos do dia-a-dia. Cacos de antigos vasos são o que mais se encontram nas escavações arqueológicas das terras bíblicas. Muitos deles eram enterrados no chão das casas e serviam como uma espécie de silo onde o trigo e os grãos poderiam ser estocados sem estragar.

Uma vez que a cor e o formato das cerâmicas mudavam periodicamente, os vasos (ainda que quebrados) tornam-se muito úteis na hora de o arqueólogo estabelecer a data de um sítio. Ou seja, pelo tipo de vasos encontrados numa casa, dá para saber o período aproximado em que determinada família ocupou aquele lugar.

Povos antigos também usavam os vasos para tirar água das cisternas e levar para casa, onde ficaria estocada mantendo uma temperatura agradável. Aliás, ainda hoje algumas famílias de beduínos (grupo de pessoas que moram no deserto) conservam o costume de estocar alimentos e água em grandes vasos de barro. Eu mesmo já tive a oportunidade de ficar num acampamento de beduínos no deserto de Bayuda (que faz parte do Saara) onde havia vários vasos de barro guardando alimento. Apesar do calor, a água que me serviam era fria e agradável. Parecia até que tinha ficado por alguns minutos na geladeira...

Os vasos também permitiam aos antigos estocar vinho e óleo que, enterrados no chão, mantinham uma temperatura fresca fazendo com que o conteúdo não ficasse morno devido ao intenso calor.

Agora que você sabe a importância do vaso para o dia-a-dia dos povos antigos fica fácil compreender porque a Bíblia compara nossa vida a um vaso que está saindo das mãos do oleiro. Deus, o nosso Oleiro, nos fez com muito carinho. Ele nos modela a cada dia de nossa vida e nos pede para sermos como um bom vaso de barro, estocando em nosso interior as águas do amor de Cristo.

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário Adventista e especialista em Arqueologia.

As pragas do Egito

Alguns céticos duvidam da Bíblia simplesmente porque não encontram monumentos que descrevam todos os seus acontecimentos. Eles fazem isso com a história das dez pragas do Egito. Por não acharem ali nada que confirme a história do Êxodo, julgam que ela jamais aconteceu.

Ora, por que os egípcios iriam registrar para o mundo o vexame que passaram com a saída dos hebreus? É claro que eles ficariam calados a respeito disso. Contudo, outros povos, fora da Bíblia, testemunharam a ocorrência das pragas que Deus enviou através do profeta Moisés e mesmo dentre a correspondência particular de alguns egípcios é possível encontrar pistas do que aconteceu ali naquela época.

Vamos ver primeiro o que escreveu Deodoro Siculo, historiador grego do I século a.C., cujo testemunho dura até hoje:

“Nos tempos antigos houve uma grande praga no Egito e muitos a atribuíram ao fato de Deus estar ofendido com eles por causa dos estrangeiros que estavam em seu país... Os egípcios concluíram que, a menos que os estrangeiros fossem mandados embora de seu país, eles jamais se livrariam de suas misérias. Sobre isto, conforme nos informaram alguns escritores, os mais eminentes e estimados daqueles estrangeiros que estavam no Egito foram obrigados a deixar o país ... [portanto] eles se retiraram para a província que agora se chama Judéia. Ela não fica longe do Egito e estava desabitada na ocasião. Aqueles emigrantes foram pois conduzidos por Moisés, que era superior a todos em sabedoria e poder. Ele lhes deu leis e ordenou que não fizessem imagens de deuses, pois só há um Deus no Céu que está sobre tudo e é Senhor de tudo.”

Temos ainda o diário de um egípcio chamado Ipuwer que foi encontrado no Egito em 1820 e levado para o museu da Universidade de Leiden, na Holanda, onde permanece até hoje. Lá, o escritor antigo lamenta o estado do Egito e diz numa carta endereçada a faraó: “Os estrangeiros (hebreus?) vieram para o Egito ... [eles] têm crescido e estão por toda a parte [lit. ‘em todos os lugares, eles se tornaram gente’]... o Nilo se tornou em sangue ... [as casas] e as plantações estão em chamas ... a casa real perdeu todos os seus escravos ... os mortos estão sendo sepultados pelo rio ... os pobres (escravos hebreus?) estão se tornando os donos de tudo ... os filhos dos nobres estão morrendo inesperadamente... o [nosso] ouro está no pescoço [dos escravos?] ... o povo do oásis está indo embora e levando as provisões para o seu festival [religioso?].”

Essas palavras são muito parecidas com as pragas descritas em Êxodo 7:14-24, especialmente a primeira e a última. A referência aos escravos que agora se vão e ainda levam consigo algumas riquezas parece ecoar o testemunho bíblico de que os hebreus foram “e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro ... de modo que estes lhes davam o que pediam. E despojaram os egípcios” (Êxodo 12:35-36).

Mais uma vez a História confirma a Palavra de Deus.

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário Adventista e especialista em Arqueologia.

A riqueza de Herodes

A Bíblia menciona vários reis da Judéia que tinham o nome de Herodes. Na verdade, trata-se de vários herdeiros de sangue real que tomavam esse nome por uma questão de monarquia, como ocorria com os vários césares que Roma teve.

Quando Jesus nasceu, o Herodes que comandava Jerusalém era um homem perverso e tremendamente político. Usando falcatruas e artimanhas, ele conseguiu acordos na corte romana e firmou-se no poder. Adorava construir prédios e parecia ser bom nisso. Ele completou o templo, ampliou os muros de Jerusalém e inaugurou teatros e hipódromos. Aliás, um dos anfiteatros que ele construiu foi restaurado recentemente e até hoje serve de palco para shows realizados em Jerusalém. Até cantores brasileiros já se apresentaram lá!

Mergulhado em investimentos imobiliários, Herodes tornou-se muito rico. Pesquisas arqueológicas revelaram que sua renda anual ultrapassava 13 milhões de denários, uma quantidade que hoje equivaleria a mais de 1,6 milhão de dólares (mais de 3 milhões de reais).

Mas a riqueza da família Herodes não vinha apenas do mercado imobiliário. Ele faturava muito dinheiro com os pesados impostos que impunha ao povo. Por exemplo, cada agricultor tinha que devolver 1/4 do que colhia para os cofres do governo; o comerciante tinha que pagar 1/3 sobre os grãos que vendia e 1/2 sobre as frutas. Era dinheiro que não acabava mais.

Nada disso, porém, trouxe paz à família real que vivia às voltas com assassinatos entre parentes, adultérios, ganância e louca busca pelo poder. Hoje, acredite se quiser, o túmulo da família de Herodes – que fica numa praça de Jerusalém – teve que ser lacrado pela prefeitura, pois acabou se tornando depósito de lixo e ponto de encontro para delinqüentes e traficantes de drogas.

Como é triste verificar pessoas sofrendo da síndrome de Herodes. Pensam que o dinheiro e a glória deste mundo podem garantir a verdadeira paz. Esquecem-se, no entanto, de que Cristo é o único que pode conceder a felicidade eterna e que, sem Ele, nada valerá a pena.

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário Adventista e especialista em Arqueologia.

O mordomo do Rei Joaquim

Para conseguir viver, precisamos uns dos outros. Por isso, em todas as sociedades, as pessoas se organizam, de modo que cada indivíduo desempenhe uma função útil para o grupo. Uns assumem a responsabilidade de produzir alimentos, outros constroem abrigos, outros cuidam da segurança, e assim por diante. Para que tudo funcione direito, é necessário que haja também pessoas responsáveis pela coordenação de todas essas inúmeras atividades. Essas pessoas são as que chamamos de “líderes”, uma das mais importantes funções. Por isso, as pessoas que escolhemos como líderes deveriam ser as melhores. Contudo, isso nem sempre acontece. Às vezes, infelizmente, o líder é uma das piores pessoas.

Quando Joaquim completou 18 anos, foi escolhido para ser o rei de Israel, em lugar do pai, Jeoaquim. A Bíblia diz que ele “fez o que era mau perante o Senhor” (II Crônicas 36:9). Reis e homens poderosos, mesmo que sejam maus e corruptos, sempre atraem seguidores – alguns incautos, outros inescrupulosos; pessoas que fazem de tudo para estar perto dos poderosos tentando obter alguma vantagem pessoal.

Com Joaquim não foi diferente: ele tinha seguidores. Escavações arqueológicas em Beth-shemesh e em Tell Beit Mirsim, Israel, encontraram três alças de vasos de barro impressas com um selo que dizia: “Pertence a Eliaquim, mordomo de Joaquim”.

Esse tipo de “selo” era comum na Antiguidade. Eles se pareciam mais com carimbos, feitos de metal ou pedra. Quando os vasos de barro estavam ainda frescos, antes de serem endurecidos pelo fogo, usava-se o selo para imprimir uma marca em sua superfície. Essa marca geralmente trazia o nome do rei ou de alguém importante. Era uma maneira de identificar os utensílios que pertenciam ao palácio, ao templo, ou a alguma família rica. Por outro lado, freqüentemente, era também uma expressão de poder, de vaidade.

A vaidade, porém, é efêmera. O reinado de Joaquim durou apenas três meses e dez dias. No ano 597 a.C, os exércitos de Nabucodonosor invadiram Israel e levaram Joaquim preso para Babilônia, juntamente “com os mais preciosos utensílios da casa do Senhor” (II Crônicas 36:9 e 10). Devem ter levado o ouro, a prata, as pedras preciosas. Para trás ficaram apenas os vasos de barro com seus selos, testemunhas da veracidade histórica da Bíblia e de um curtíssimo e infeliz reinado.

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)

A Cidade de Davi

Muitas descobertas arqueológicas têm sido feitas por mero acaso, durante a realização de obras públicas. Recentemente, em Jaffa (antiga Jope), por exemplo, quando a cidade reformava uma de suas avenidas, foram encontradas ruínas dos tempos dos Cruzados. A reforma está agora parada, enquanto os arqueólogos escavam e documentam o que foi achado. Curiosamente, obras públicas que não foram feitas também têm propiciado importantes descobertas arqueológicas. É o que está acontecendo hoje em Jerusalém.

Conta-se que, no começo do Século 16, o sultão Suleiman teve um sonho que o deixou grandemente impressionado. Ele viu os muros de Jerusalém caídos e sentiu-se chamado a reerguê-los, sob risco, se não o fizesse, de ser queimado no inferno! Supersticioso como era, o sultão não quis correr riscos e, sem jamais ter ido a Jerusalém, ordenou que seus muros fossem reconstruídos. As obras começaram em 1537 e foram concluídas em 1541 (portanto, pouco tempo depois do descobrimento do Brasil). Quem visita Israel pode, ainda hoje, ver esses imponentes muros e seus majestosos portais circundando a velha Jerusalém.

Uma parte da cidade, porém, ficou do lado de fora dos muros! Talvez tenha sido por erro dos arquitetos ou, talvez, por ganância, pois, fazendo um muro menor, sobraria algum dinheiro para eles. O fato é que, irado com isso, o sultão ordenou a morte dos construtores.

Mas, se Suleiman não gostou da história, os arqueólogos, hoje, estão gostando muito! Isso porque eles estão descobrindo coisas muito importantes do lado de fora que, se estivessem dentro dos muros, não poderiam ser escavadas. Afinal, Jerusalém é uma cidade sagrada para várias religiões e, além disso, é toda ocupada. Mesmo sabendo que a cidade certamente se assenta sobre tesouros históricos de valor incalculável, é quase impossível escavar dentro dos muros.

E, sabe o que os engenheiros do sultão deixaram do lado de fora dos muros? Justamente a área onde o rei Davi construíra seu palácio! A Bíblia diz que “habitou Davi na fortaleza e lhe chamou a Cidade de Davi; foi edificando em redor, desde Milo e para dentro.... Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros, e pedreiros, que edificaram uma casa a Davi” (II Samuel 5:9 e 11). Essa área, atualmente, está sendo escavada pelos arqueólogos. Estamos ansiosos para saber o que eles descobrirão ali!

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)

As cisternas de Jeremias

A placa, escrita em hebraico e inglês, alertava “PERIGO”. Dei uma olhada em minhas botas, com solado espesso e antiderrapante, cobrindo até o tornozelo, e em minhas grossas calças jeans. Meus pés e pernas estavam bem protegidos. Resolvi, então, entrar no grande buraco que havia dentro das ruínas de Tel Arad. Eu estava curioso demais para dar muita atenção à placa.

Arad é uma antiga fortaleza, mencionada algumas vezes na Bíblia. Ela foi construída, provavelmente, pelo rei Salomão e utilizada por todos os seus sucessores. Sua localização era importante para proteger a fronteira do sul de Israel, mas tinha um grave inconveniente: ficava num lugar extremamente árido, nas bordas do deserto do Negev. Água, ali, era uma raridade.

Por isso, os habitantes fizeram o que era muito comum naquela época. Cavaram um imenso buraco no chão, uma cisterna, para guardar a água do breve período de chuvas e, assim, poderem sobreviver no prolongado período de seca. As cisternas precisavam, naturalmente, ser cavadas na rocha pura, onde não houvesse rachaduras ou porosidade. Caso contrário, a água vazaria totalmente.

Era numa dessas cisternas que eu estava entrando; um poço de boca bem grande, de uns 4 metros de largura por 3 metros de profundidade. Quando cheguei no fundo, observei que ele não terminava ali, mas continuava horizontalmente, por baixo da fortaleza, como se fosse um longo túnel, escuro, talvez de uns 20 metros de comprimento. Felizmente, estava vazio e seco. Mas estava muito mal cheiroso, cheio de moscas e alguns morcegos.

Lembrei-me imediatamente do fiel e corajoso profeta Jeremias. Foi numa cisterna como essa, em Jerusalém, que seus inimigos o jogaram. Ela também estava vazia, mas cheia de lama, e Jeremias ficou atolado, sem poder escapar (Jeremias 38:6). Eles fizeram isso porque não queriam mais ouvi-lo falar sobre as terríveis conseqüências que ocorreriam por causa da maldade do povo. Em um desses seus sermões, Jeremias disse: “Ficai estupefatos, diz o Senhor. Porque dois males cometeu o Meu povo: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias 2:12 e 13).

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)

A Bíblia merece confiança?

De seu primeiro livro (Gênesis) ao último (Apocalipse), a Bíblia é composta de 66 livros escritos por cerca de 40 escritores de formação social, educacional e profissional bem diversificada. A escrita foi feita num período de 16 séculos; mesmo assim, o produto final é um livro harmonioso e coerente. “Considere isto: se você escolhesse dez pessoas vivendo ao mesmo tempo na História, vivendo na mesma área geográfica básica, com os mesmos recursos educacionais básicos, falando a mesma língua, e pedisse que escrevessem independentemente sobre o seu conceito pessoal de Deus, o resultado seria tudo, menos um testemunho unificado. Nada mudaria se lhes pedisse para escrever sobre o homem, a mulher ou o sofrimento humano, pois está na natureza dos seres humanos diferir em questões controversas. Todavia, os escritores bíblicos concordam não só nesses assuntos como em dezenas de outros. Eles têm completa unidade e harmonia. Só há ‘uma’ história nas Escrituras do começo ao fim, embora Deus tivesse usado autores humanos diferentes para registrá-la”, escreveram Josh McDowell e Don Stewart, no livro Razões Para os Céticos Considerarem o Cristianismo.

Além dessa harmonia interna da Bíblia, há muitos achados arqueológicos que confirmam sua veracidade. Um desses casos está no livro do profeta Daniel, capítulo 5, onde menciona que o rei de Babilônia, em 539 a.C., era Belsazar. Mas a História oficial afirmava que esse homem nem sequer existira. No entanto, W. H. F. Talbot publicou em 1861 a tradução de uma oração – escrita em caracteres cuneiformes – oferecida pelo rei Nabonidus, na qual ele pede aos deuses que abençoem seu filho Belsazar! Os críticos, então, aceitaram a existência de Belsazar, mas em sua resistência contra a Palavra de Deus, alguns deles continuaram insistindo que Belsazar jamais fora identificado como rei, fora da Bíblia. Até que, em 1924, foi traduzido e publicado o Poema de Nabonidus (Tablete nº 38.299 do Museu Britânico) por Sidney Smith. Esse documento histórico oficial atesta que Nabonidus deixou Babilônia e se dirigiu a Tema, e no trono deixou quem? Belsazar!

Uma vez mais o relato bíblico estava confirmado. Daniel vivia na corte de Babilônia e estava familiarizado com esse costume de o filho assumir o cargo do pai, quando este saía em excursões militares. Por mais que alguns tentem desmerecer a Bíblia, ela tem resistido às críticas e ajudado muitas pessoas a serem felizes. Você já leu sua Bíblia hoje?

Michelson Borges, jornalista, mestrando em Teologia pelo Unasp e autor dos livros A História da Vida e Por Que Creio

Leia também: "Cuneiform tablet with part of the Nabonidus Chronicle"

Os meninos arqueólogos

Você sabia que dois dos maiores achados arqueológicos foram encontrados por crianças? É isso mesmo, meninos com menos de 12 anos de idade e que ainda freqüentavam a escola básica.

O primeiro ocorreu em 1880. Na época, a cidade de Jerusalém ainda não era governada pelos judeus e havia muitos palestinos que moravam dentro de seus muros (bem mais que nos dias de hoje). Como você já deve ter visto pelos jornais, os palestinos e judeus sempre brigam pela posse daquela terra e isso não é nada bom.

Mas, ignorando a estranha guerra dos adultos, havia ali um grupo de crianças que preferia aproveitar a vida brincando e fazendo amizades a odiar ou matar seu semelhante. Eles eram pobres e suas mães costumavam lavar roupas no tanque público de Siloé, que fica na parte sul da cidade. O tanque também é muito antigo. Suas águas vêm de um túnel de mais ou menos 540 metros que dá nas fontes de Gihom.

Os garotos gostavam de brincar de “pega-pega” atravessando o túnel, cuja água dava na cintura. Era muito escuro ali dentro, mas o uso de lamparinas ajudava a enxergar um pouco o local. Um dia, os meninos perceberam uma inscrição cheia de lodo e tiveram a idéia de chamar o professor Conrad Schick, um arqueólogo que estava passando uns dias na cidade. Quando ele pesquisou a inscrição achada pelos meninos, ficou surpreso com o que eles haviam descoberto: era um texto da época do rei Ezequias que contava como o túnel foi construído. A Bíblia também fala desse túnel (II Crônicas 32:2-4) e o achado dos meninos confirmou a história contada na Palavra de Deus.

O outro achado aconteceu 67 anos depois, em 1947. Um garoto chamado Muhammad edh-Dhib era pastor de cabras no deserto de Judá. Um dia ele saiu à procura de algumas cabras que haviam se perdido. Então se deparou com uma gruta e, curioso, jogou pedras para ver se os animais estavam lá dentro. Mas o que ouviu foi o barulho de jarros se quebrando.

Correndo para o acampamento de sua tribo, Muhammad chamou um adulto e o levou até o local do achado, na esperança de que se tratasse de um grande tesouro. Eles entraram no local e se surpreenderam ao encontrar grandes jarros de barro com tampa.

Para sua frustração, o que encontraram nos potes não foram tesouros, mas imensos rolos de manuscritos envoltos em tecido. Ali estavam os famosos manuscritos do Mar Morto, as mais antigas cópias da Bíblia de que se tem notícia. Elas foram escritas dezenas de anos antes mesmo do nascimento de Jesus!

Está vendo como até as crianças ajudam na história dos achados arqueológicos? Quando você estiver num acampamento ou num passeio com sua família, preste a atenção em todas as coisas ao redor. De repente, bem embaixo de seu pé, podem estar os fósseis de um antigo dinossauro que viveu antes do dilúvio. Boa sorte nas escavações!

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário Adventista e especialista em Arqueologia.

Letras sagradas

Numa madrugada, quando Gideão e suas tropas voltavam de uma batalha no vale do Rio Jordão, ele capturou um menino da cidade inimiga de Sucote e o submeteu a um interrogatório. A Bíblia diz que ele foi pressionado a revelar importantes informações militares. Então, o menino “escreveu para Gideão os nomes dos setenta e sete chefes e líderes de Sucote” (Juízes 8:14).

Isso não seria nada surpreendente se a história tivesse acontecido hoje. Mas isso foi há mais de três mil anos e o garoto sabia escrever! Esse episódio indica que, já naquela época, muitas pessoas liam e escreviam. Os arqueólogos que trabalham no Oriente Médio têm encontrado milhares de inscrições antigas.

Que instrumentos o menino teria usado? Uma caneta esferográfica e um caderno espiral? Nada disso. Em cada região usava-se um material, uma língua e uma escrita diferentes. Na Mesopotâmia, região onde se encontravam as famosas cidades de Nínive, Babilônia e Ur – e onde, provavelmente, a escrita foi inventada – as pessoas escreviam em tabuinhas de argila ainda mole, utilizando um estilete como caneta. Quando a redação terminava, esses tabletes de barro eram queimados no fogo para endurecer. Milhares desses tabletes, que incluíam cartas, listas de mercadorias, contratos, exercícios escolares e bibliotecas inteiras, têm sido encontrados pela Arqueologia.

No Egito, as pessoas preferiam usar o papiro, uma planta que crescia abundantemente às margens do rio Nilo, com a qual se fazia uma espécie de papel. Milhares de folhas e rolos de papiros com esse tipo de escrita foram encontrados dentro de sarcófagos, sepulturas, templos e palácios descobertos no Egito.

Os povos da Palestina, inclusive os judeus, por serem pastores de ovelhas e cabras, usavam o pergaminho, que era feito com o couro desses animais. A própria Bíblia, em grande parte, foi escrita em rolos de pergaminho. Eles são mencionados em vários textos, como o de Salmo 40:7: “Eis aqui estou, no rolo do livro está escrito a meu respeito.”

Portanto, quando a Bíblia foi produzida, a escrita já estava bastante desenvolvida, aperfeiçoada e difundida. Muitas pessoas, em todas as partes, sabiam ler e escrever. Assim, podiam mais facilmente trocar idéias com outras pessoas; podiam aprender muitas coisas sobre outros povos e sobre o mundo; podiam, acima de tudo, ler a Bíblia e, como disse o apóstolo Paulo, “desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação” (II Timóteo 3:15). De fato, se não cultivamos a habilidade de ler, perdemos a oportunidade de experimentar muita coisa boa!

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)

Jesus ia à igreja?

Que dia feliz é o sábado! Acordar cedo, tomar o desjejum, escovar os dentes e colocar a melhor roupa, pois vamos à casa do Senhor. Ah, e não podemos esquecer a Lição da Escola Sabatina e a Bíblia.

O prédio que hoje chamamos de igreja era chamado de templo nos dias de Jesus. Os evangelhos mostram muitas coisas que aconteceram no templo durante o ministério do Filho de Deus. Ali o Salvador ensinou as pessoas a obedecerem ao Pai Celestial e ainda realizou muitas curas à vista de todos. Certo dia, Jesus foi obrigado a ser duro com os comerciantes que estavam desrespeitando a casa de Deus. Pegou um chicote e colocou todos para correr.

Mas Jesus também gostava de ir ao templo para orar e adorar a Deus. Aquele era realmente um lugar muito bonito. Um imenso pátio recebia todas as pessoas para a adoração e, diferente de hoje, elas levavam animais para serem sacrificados. É que antes da morte de Jesus o cordeirinho morto fazia o povo pensar no sacrifício do Filho de Deus. Hoje, não precisamos mais sacrificar cordeirinhos; Jesus já morreu e ressuscitou. Nosso sacrifício é diferente. É um sacrifício do coração.

Nas laterais havia muitas salas com banheiras enormes onde o povo se banhava para purificar-se antes de pisar no pátio. Ao centro, ficava um edifício elevado onde só os sacerdotes podiam entrar. Era o santuário. Ali manifestava-se a presença visível de Deus.

Dentro dele havia duas grandes salas: o lugar santo, onde todos os dias os sacerdotes realizavam um ritual sagrado; e o lugar santíssimo, onde apenas o sumo sacerdote entrava uma vez por ano para pedir perdão pelos pecados de todos. Se alguém entrasse ali de maneira desrespeitosa, era exterminado na hora pela grandeza da glória de Deus.

Hoje o templo de Jerusalém não existe mais. Ele foi destruído pelo exército de Roma há muitos anos. Mas temos a igreja. E, além dela, temos nosso corpo que também é templo do Espírito Santo de Deus.

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário Adventista e especialista em Arqueologia.

O irmão de Jesus

Algumas pessoas não gostam nem de passar perto de cemitérios. Não é o que acontece com os arqueólogos! Na verdade, eles ficam muito contentes quando encontram uma sepultura antiga. Isso porque pode-se aprender muito com elas.

À semelhança do que acontece hoje, a maioria dos povos da antigüidade acreditava que a vida continuava depois da morte. Por essa razão, os mortos eram sepultados com objetos que, supostamente, poderiam ser úteis na vida futura. Nutria-se, também, grande respeito pelos mortos. Por isso, as sepulturas eram consideradas invioláveis.

Muito cedo na história, surgiram ladrões especializados em saquear sepulturas, porque sabiam que nelas podiam encontrar pequenos e grandes tesouros. Nas escavações arqueológicas, é comum encontrar sepulturas remexidas, vazias, saqueadas. Contudo, ocasionalmente, para alegria dos arqueólogos, encontram-se sepulturas intocadas, com os restos mortais e todos os objetos na exata posição em que foram enterrados, milênios atrás. Nas ruínas de Israel, por exemplo, encontram-se milhares de vasos quebrados mas, dentro das sepulturas, é comum encontrar vasos inteiros, em perfeito estado de conservação.

Às vezes, tesouros de valor incalculável são achados. Em 1922, o arqueólogo inglês Howard Carter encontrou a sepultura do faraó Tutankhamon, do mesmo jeito em que foi fechada há quase 3.500 anos! Ela estava repleta de fantásticos tesouros! Quem visita o Museu do Cairo pode ver de perto o que os olhos fascinados de Carter viram ao entrar no túmulo do rei egípcio: sua múmia, sarcófagos, móveis, tronos, camas, carruagens, cetros, armas, jóias, tudo coberto de ouro.

Em 1974, outro achado surpreendente foi feito por agricultores. Ao cavar um poço, eles encontraram a sepultura do imperador chinês Qin Shi Huang, com suas milhares de estátuas, em tamanho natural, de soldados, cavalos e vários outros animais, enterrados há mais de dois mil anos.

Mais recentemente, uma outra descoberta fantástica veio à luz. Desta vez, muito provavelmente, graças aos ladrões de cemitério! Em 2002, André Lemaire, arqueólogo da Universidade de Sorbonne, visitando uma loja de antiguidades em Israel, encontrou uma urna funerária de origem desconhecida. Para sua enorme surpresa, a urna trazia a inscrição, em hebraico antigo: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”.

O Evangelho de Mateus registra a seguinte referência a Jesus: “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama Sua mãe Maria, e Seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” (Mateus 13:55; cf. Marcos 6:3). Além de irmão, Tiago era também um dos apóstolos. Paulo refere-se a ele nos seguintes termos: “Não vi outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor” (Gálatas 1:19).

Cientistas ainda estão estudando esse achado, submetendo-o a análises e testes diversos. Mas muitos já estão convencidos de que a urna é genuína e pode mesmo ter sido usada para guardar os restos mortais do apóstolo Tiago, irmão de Jesus. Se isso se confirmar, essa será a mais antiga referência a Jesus fora da Bíblia.

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)

Lixo que fala

Se você quisesse saber tudo a respeito de seu novo vizinho, qual seria o melhor meio? Conversar com ele ou... revirar seu lixo? Bem, pode não ser nada educado, mas analisar o lixo de alguém, durante algum tempo, pode ser a melhor opção!

No saco de lixo de cada dia você encontraria restos de comida; envelopes rasgados mostrando o remetente; embalagens de remédios; louças quebradas; roupas e sapatos velhos; pedaços de papel rabiscado; frascos vazios; extratos bancários; cartas; contas; e uma infinidade de outras coisas – até nojentas – mas muito, muito reveladoras!

Com esse lixo, um pouco de inteligência e um bom laboratório, imagine quanta informação você poderia obter! Você poderia saber quantas pessoas moram na casa; o sexo e a idade aproximada de cada uma delas; seus hábitos alimentares; se alguém está doente e de qual doença está sofrendo; sua condição econômica; o time para o qual torcem; suas preferências políticas; e até sua religião.

Foi assim que espiões já obtiveram muitas informações importantes no passado recente. E, de certo modo, é exatamente assim que nós, arqueólogos, obtemos informações sobre os povos que viveram na Antiguidade, há milhares e milhares de anos.

Arqueologia é a ciência que busca conhecer o passado estudando os restos materiais deixados pelas antigas civilizações: ruínas soterradas de cidades, templos, palácios, casas, sepulturas, utensílios, adornos, cacos de cerâmica, fossas, cisternas, sementes, ossos, inscrições, etc.

Por isso, a Arqueologia tem sido muito útil para se estudar os lugares, os povos e as pessoas mencionados na Bíblia. Embora eles tenham existido num passado bastante remoto, ainda hoje podemos encontrar seu “lixo”, isto é, seus remanescentes materiais. A Arqueologia, portanto, nos ajuda a perceber que aquelas pessoas existiram de fato e, ainda mais importante, nos ajuda a entender seu modo de vida, seus costumes e suas crenças. Em suma, a Arqueologia é uma importante ferramenta para que possamos compreender melhor a Bíblia.

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails