
Quando Joaquim completou 18 anos, foi escolhido para ser o rei de Israel, em lugar do pai, Jeoaquim. A Bíblia diz que ele “fez o que era mau perante o Senhor” (II Crônicas 36:9). Reis e homens poderosos, mesmo que sejam maus e corruptos, sempre atraem seguidores – alguns incautos, outros inescrupulosos; pessoas que fazem de tudo para estar perto dos poderosos tentando obter alguma vantagem pessoal.
Com Joaquim não foi diferente: ele tinha seguidores. Escavações arqueológicas em Beth-shemesh e em Tell Beit Mirsim, Israel, encontraram três alças de vasos de barro impressas com um selo que dizia: “Pertence a Eliaquim, mordomo de Joaquim”.
Esse tipo de “selo” era comum na Antiguidade. Eles se pareciam mais com carimbos, feitos de metal ou pedra. Quando os vasos de barro estavam ainda frescos, antes de serem endurecidos pelo fogo, usava-se o selo para imprimir uma marca em sua superfície. Essa marca geralmente trazia o nome do rei ou de alguém importante. Era uma maneira de identificar os utensílios que pertenciam ao palácio, ao templo, ou a alguma família rica. Por outro lado, freqüentemente, era também uma expressão de poder, de vaidade.
A vaidade, porém, é efêmera. O reinado de Joaquim durou apenas três meses e dez dias. No ano 597 a.C, os exércitos de Nabucodonosor invadiram Israel e levaram Joaquim preso para Babilônia, juntamente “com os mais preciosos utensílios da casa do Senhor” (II Crônicas 36:9 e 10). Devem ter levado o ouro, a prata, as pedras preciosas. Para trás ficaram apenas os vasos de barro com seus selos, testemunhas da veracidade histórica da Bíblia e de um curtíssimo e infeliz reinado.
Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente (Educriança)