Alguns céticos duvidam da Bíblia simplesmente porque não encontram monumentos que descrevam todos os seus acontecimentos. Eles fazem isso com a história das dez pragas do Egito. Por não acharem ali nada que confirme a história do Êxodo, julgam que ela jamais aconteceu.
Ora, por que os egípcios iriam registrar para o mundo o vexame que passaram com a saída dos hebreus? É claro que eles ficariam calados a respeito disso. Contudo, outros povos, fora da Bíblia, testemunharam a ocorrência das pragas que Deus enviou através do profeta Moisés e mesmo dentre a correspondência particular de alguns egípcios é possível encontrar pistas do que aconteceu ali naquela época.
Vamos ver primeiro o que escreveu Deodoro Siculo, historiador grego do I século a.C., cujo testemunho dura até hoje:
“Nos tempos antigos houve uma grande praga no Egito e muitos a atribuíram ao fato de Deus estar ofendido com eles por causa dos estrangeiros que estavam em seu país... Os egípcios concluíram que, a menos que os estrangeiros fossem mandados embora de seu país, eles jamais se livrariam de suas misérias. Sobre isto, conforme nos informaram alguns escritores, os mais eminentes e estimados daqueles estrangeiros que estavam no Egito foram obrigados a deixar o país ... [portanto] eles se retiraram para a província que agora se chama Judéia. Ela não fica longe do Egito e estava desabitada na ocasião. Aqueles emigrantes foram pois conduzidos por Moisés, que era superior a todos em sabedoria e poder. Ele lhes deu leis e ordenou que não fizessem imagens de deuses, pois só há um Deus no Céu que está sobre tudo e é Senhor de tudo.”
Temos ainda o diário de um egípcio chamado Ipuwer que foi encontrado no Egito em 1820 e levado para o museu da Universidade de Leiden, na Holanda, onde permanece até hoje. Lá, o escritor antigo lamenta o estado do Egito e diz numa carta endereçada a faraó: “Os estrangeiros (hebreus?) vieram para o Egito ... [eles] têm crescido e estão por toda a parte [lit. ‘em todos os lugares, eles se tornaram gente’]... o Nilo se tornou em sangue ... [as casas] e as plantações estão em chamas ... a casa real perdeu todos os seus escravos ... os mortos estão sendo sepultados pelo rio ... os pobres (escravos hebreus?) estão se tornando os donos de tudo ... os filhos dos nobres estão morrendo inesperadamente... o [nosso] ouro está no pescoço [dos escravos?] ... o povo do oásis está indo embora e levando as provisões para o seu festival [religioso?].”
Essas palavras são muito parecidas com as pragas descritas em Êxodo 7:14-24, especialmente a primeira e a última. A referência aos escravos que agora se vão e ainda levam consigo algumas riquezas parece ecoar o testemunho bíblico de que os hebreus foram “e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro ... de modo que estes lhes davam o que pediam. E despojaram os egípcios” (Êxodo 12:35-36).
Mais uma vez a História confirma a Palavra de Deus.
Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário Adventista e especialista em Arqueologia.